AVE NOTURNA
Ave noturna sob o véu,
O negrume de teus cabelos me confunde.
Nenhum pensamento tem mais amor
Que aquele que me detém.
Ave calada e triste,
Tão distante do campo aberto,
Teu silêncio é rio a chorar
Um mínimo murmúrio entre as montanhas.
Conheço tua dor cinzenta
E de mesmo amor tenho sofrido.
Somos irmãos,ave perdida,
Por séculos e séculos unidos.
Também meu peito é ave presa
E entre armadilhas de espinhos
Te amo e padeço de mesma morte
Nos recônditos soluços da noite.
Ave ferida,a tua vontade
Se perde entre os anos de sombras,
Assim também eu definho
Sem ter da noite essa esperança.