OLHAR
Ah! Se soubesses a "infinitude" que há dentro deste teu olhar
Há um lago macio deslizando pela paz morena de teus cílios
Vejo nele dois cisnes namorando de brincar, esguios
São tuas pupilas, brotos de samaúma que me fazem versejar...
Teu olhar é de moça prendada
À moda de família antiga, uma melodia cantada
Olhas pra baixo quando te fito
E reflito como é bom o respeito cativo...
Ah! Doce amada se eu pudesse ter um cristal e um crivo
Saberia o que se passa por trás de teu olhar de candura
Imaginaria que os anjos são híbridos
Metade libido metade espírito em sua leve doçura
Teus olhos são um precipício
Se neles me jogar me perderei
São cânions profundos, um terno suplício
E no fundo deles loucos abismos se abrem pro hospício...
Loucura é não me perder dentro de ti minha flor de liz
Por isso mergulharei em tuas fendas loucas
Num salto no escuro para a melhor loucura que já fiz
Você sorri com os olhos
E pensar que na inquisição era proibido sorrir?!!!
Semi sorrir, semi-cerrado, teus olhos, meu colibri alado.
JÁ BAUDELAIRE DIZIA:
{Homem livre tu sempre amarás o mar!/O mar é teu espelho;
Tu contemplas a tua alma/No desenrolar infinito de sua onda,/
E o teu turbilhão/Menos amargo/...Sois os dois, tenebrosos e
Discretos;/ Homem, ninguém sondou o fundo dos teus abismos
Ó mar, ninguém conhece as tuas riquezas íntimas,/De tal forma
Procurais guardar os vossos segredos.}