NA TUA IGARA
A tua pele adusta me reluz
O tom dourado do velho sol
Que no verão, eu te propus,
Um lugar de paz em um farol.
Na barra do céu te vi sentar
Como anjo de luz, aparição,
Tanta beleza deslumbrar
Encantado por tua visão.
Os sonhos das noites quentes
Que me acordam num abalo,
No peito, arquejos frementes,
E eu, ali, de mero vassalo.
E tua soberba face mulher,
Como uma inóspita terra,
Me fizera o que quiser,
Me emperrara numa guerra.
Inda lembro de outrora
Que me vinhas tão austera
Me puseste alma afora
No cimo da primavera.
E nesta tua forma sisuda
Inda mais me encantara
Ao ouvir tua voz aguda
Me embaquei em tua igara.
(YEHORAM)