“Deu!,Oh! Deus!Onde Estás que não respondes?”

Estás no céu? Estás no mar?

Te vejo na flor, te vejo no ar? Estás aqui? Onde estás?

Estás na criança a mendigar na rua? Onde estás? Oh! Deus!

Te vejo na chuva? Te vejo no orvalho, nos primeiros raios de sol,no luar?

Oh! Deus! Te vejo na beleza intensa da natureza? Onde estás?

Estás na solidão dos aflitos? Estás na dor da mãe que enterra seu filho,

Ou estás nos becos escuros por onde transitam as mudanas,

As Madalenas sem destino de paz, mas em direção à solidão?

Oh! Deus! Respondes por onde estás? Estás no sorriso da mulher

Que abraça todos os dias o filho que sai para as labutas da vida?

Estás no desespero dos desempregados, dos sem terras, sem lar, sem rumo?

Por onde estás, Deus?Busco-Te no belo? Busco-Te no terror?

Por meus caminhos tenho à procura do Teu Ser encontrar.

Por meus caminhos tenho o vazio em meu ser consolar.

Vejo a lua, sinto a brisa, as árvores e tudo que tem seu mais belo formato.

Seguir, eis o que tento então agora nessas linhas que percorrem o branco do papel Seguir...Sigo a Te procurar...Sigo então querendo Te encontrar.

“Deus!Oh! Deus! Onde estás que não respondes?”

Estás no canto das aves? Ou no grito que rasga o peito dos que sofrem?

Oh! Deus! Qual tal dor é essa que deixa o coração em miúdos,

Estraçalha o peito e sufoca a alma?

Tão grande dor, tão grande é a saudade, e de tão tamanha que é,fere.

Estás então na saudade? Oh! Deus! Respondes então nas questões que formulo?

Olho por esse caminho a percorrer, sem ver o que por trás fica.

Olho por esse caminho em busca de Ti.

Os soterrados, comem terra, lama. Sufocados morrem: Um? Dois?

Sufocados morrem todos em um só momento, de um só lar.

É lá que estás? No derramar da terra?

No desmanchar das casas? No mergulhar dos corpos?

Nas correntezas que inundam, arrastam e desmontam vidas?

Deus! Estás então com essas vidas? Vidas vivas! Vidas mortas!

Estás então com a chuva?

A chuva que chega, a chuva que feri, a chuva que mata, a chuva que limpa e purifica,

A chuva que faz crescer e surgir o fruto, o pão. A natureza é bela, então?

Oh! Deus! Onde estás?

Enjaulados feras homens se escondem de Ti.

Enjaulados, amontoados...homens nem mais são. São?

Oh! Deus! Por onde está então a "Tua imagem e semelhança” por entre essas jaulas?

Grades...Prisões...Jaulas de homens! Grades com animais...

Deus! Estás nos corredores por onde a sentença da morte espera?

Ou estás na cor da pele que fere muitos?

Na escuridão da pele dos que são excluídos?

Excluídos por cor, por cara, por fala e por fora fica então alguns muitos.

Oh! Deus! Respondes onde estás?

Oh! Deus!

É tamanha a minha canseira. É tamanha minha busca.

Busco-Te por entre os becos dos namorados.

Busco-Te por entre a pele dos amantes.

Busco-Te por dentro da minha saudade, da saudade do amor que de mim se foi.

Do amor que de mim é proibido ter e viver.Busco-Te por entre minhas lágrimas.

Perguntaste, Deus para Jó:

"De que ventre procede o gelo?... E quem dá à luz a geada do céu?...Podes levantar a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra?"

Oh! Deus! Tão pequeno somos, tão...tão nada somos

diante de tantos mistérios, diante de Tua grandeza, Senhor!

"Guarda-te, não te inclines para a iniquidade; pois isso preferes à tua miséria." disseste Tu, Ó Deus à Jó.

Há quantas iniquidades, tantas quantas injustiças? Misérias, quantas então há?

Ou preferimos a vileza?

A questão é então agora saber por onde estás, Deus?

Ou o que nós, pequenos e imaginários grandes homens escolhemos?

É a escolha que cada um faz.

É então por esse caminho que Te encontraremos?

O caminho das escolhas? Ou sim ou não? Ou é ou não é? Ou ser ou não ser?

Estas são as escolhas? É simples então?

Mas como Te escolher se não Te conhecemos?

E como Te conhecer se não te buscarmos?

E como Te buscar se não te queremos?

Oh! Deus! E como deixar de te querer?

Como não Te querer em umvida vil, sem texto com nexo. Com texto complexo.

Vida vazia! Vida sem vida!

Esta é a vida que queremos?

Oh! Deus! Sei que estás em quem Te busca.

Sei que estás em quem Te chama. Sei que estás com quem Te espera e em Ti espera.

“Deus! Oh! Deus! Onde está que não respondes?" Chora o coração do poeta, em negra visão de dor. Chora o poeta em busca de justiça.

Oh! Deus! Esquecemos então do Teu poder?

Esquecemos por tão tamanho desespero de Tua Onipresença?

Estás com quem Te chama. Estás com quem Te ignora.

Oh! Deus! Estás com quem Te busca.

E não é a cor. Não é a cara. Não é a fala.

Deus, és a todos por igual: Pai, Amigo, Consolador...

És o Pai das luzes, luzes que ilumina, irradia!

ÈS o caminho. És a verdade! Deus! Oh! Deus! És a vida!

E vida de vida que renasce aos que te buscam.

Oh! Deus! Por onde posso ir, se não for contigo?

Estás aqui. Estás ali. Estás acolá. Estás cá.

Bem aqui, perto de mim, de ti.

Estás e ficarás, por amor incondicional por mim.

Por ti. Por todos e todos sem exclusão.

Oh! Deus! Tão pequeno sou sem ti, e tão grande posso contigo!

Deus! Oh! Deus!

Onde ESTOU que não te encontro?

Fatimiha
Enviado por Fatimiha em 26/02/2011
Reeditado em 30/01/2021
Código do texto: T2815508
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