Mulher-carne
Sua boca rasga a casca
Invólucro carnudo,
Adocicado da manga.
Rosa!
Nome da flor-mulher.
Relembro seu perfume
Talvez colhido por ásperas mãos
Pelos caminhos de Grasse.
Seu ventre inchado carrega
O nascer do mundo.
Triste nascer este; como o farfalhar
Das asas da andorinha, andarilha.
Você; mulher marcada e demarcada.
Espectadora aflita, afoita, voraz...
Dos desejos humanos
Repentes de desumanidade, feroz.
Por isso, ao desfalecer
Sobre as almofadas rosa
Da sala de estar,
Querendo lhe agradecer
O sol abençoa seu corpo.
Este mesmo corpo que induz,
Ao sôfrego correr das horas
O mais puro delírio de prazer!