Carta Sem Destino

Quando distante procuro

Ver-te à luz do meu tormento,

Que é a sombra do desejo

Que em vão sussurra

Em minha mente sua sede;

E o tempo não passa...

Quando caminho

Pelos trilhos e vielas

De um destino

Que me abraça sem pudor,

Subjugando-me ao seu clamor,

É a tua imagem que vejo;

É o teu colo,

Que transforma em mel

Toda a minha ânsia...

Venha-me, venha-me teu caminhar

Com teu perfume que transcende

O universo do meu ser,

Desfigurado pela espera descontente;

Abra-me o véu,

Liberta-me o amor que ora sinto:

Diga-me:" Sou eu quem te chama;

Dá-me tua mão e vem! "

Não; seria um átimo de loucura

Querer a tua forma vislumbrar

Sob a luz do meu quarto escuro;

Seria, sim, pois que a distância

Não é apenas pelo gesto,

É também pelo pensar:

Não há rosas, nem flores silvestres;

Só a dor entre nós;

Mesmo assim, sou eu quem diz,

E redigo com a força desse amor incauto:

O tempo é perdido!

O espaço é confuso!

As sombras te tomam de mim

E só me resta esperar,

Mais uma vez,

Como foi ontem

E anteontem;

Como será amanhã,

Se a luz do sol permanecer...

Geraldo Magella Martins
Enviado por Geraldo Magella Martins em 25/02/2011
Código do texto: T2814009
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