SENTIDOS
Que faço eu para pisar o solo de espinhos da injustiça,
tocar as violetas ásperas dos jardins das violências,
sem as sedas delicadamente fortes da tua pele,
para suavizar-me o tato em passos e toques?
Como livrar-me da palidez desses dias assassinos
de competições mordazes e hipocrisias covardes,
sem as cores e brilhos dos espelhos dos teus olhos,
para viabilizar-me a nitidez da visão acesa?
Ó, meu amor, e esses ares sufocantes
em odores de pólvoras das guerras urbanas?
Como não secar-me sem os aromas purificadores
dos teus suspiros de brisas e flores?
E essas frutas apodrecidas de calma enforcada
que me saciam a fome amarga e ladra de forças?
Como preciso dos teus beijos vicejantes
para reaver-lhes o sabor fresco e doce de vida!
Os estrondos dos canhões das vaidades insanas
arrebentam-me os tímpanos e nervos, amor!
Ai!!! Como fazer sem as melodias suaves
que soam de tua alma de cânticos sacrossantos?
Devolve-me o sentido dos sentidos, amor!