SENTIDOS

Que faço eu para pisar o solo de espinhos da injustiça,

tocar as violetas ásperas dos jardins das violências,

sem as sedas delicadamente fortes da tua pele,

para suavizar-me o tato em passos e toques?

Como livrar-me da palidez desses dias assassinos

de competições mordazes e hipocrisias covardes,

sem as cores e brilhos dos espelhos dos teus olhos,

para viabilizar-me a nitidez da visão acesa?

Ó, meu amor, e esses ares sufocantes

em odores de pólvoras das guerras urbanas?

Como não secar-me sem os aromas purificadores

dos teus suspiros de brisas e flores?

E essas frutas apodrecidas de calma enforcada

que me saciam a fome amarga e ladra de forças?

Como preciso dos teus beijos vicejantes

para reaver-lhes o sabor fresco e doce de vida!

Os estrondos dos canhões das vaidades insanas

arrebentam-me os tímpanos e nervos, amor!

Ai!!! Como fazer sem as melodias suaves

que soam de tua alma de cânticos sacrossantos?

Devolve-me o sentido dos sentidos, amor!

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 25/02/2011
Reeditado em 25/02/2011
Código do texto: T2813684
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