O que se vai à mesa.
Boca, como o sal que afasta o pecado
Me traz amor , espanta o azedo em orvalho
Doce, como brigadeiro
Lambuza meu ego com desejo
Esteja eu perdida entre a distância
Teu sublime rosto eu vejo.
Da maciez tal como a nuvem
Pele forjada do pão
Alimenta-me a alma
Sem calma, me traz paz
Agonia do silêncio se faz
Eis-me aqui sólida
Esperando o teu bater na minha porta
No gosto , o oposto do medo
Vivido olhar , olhar que avisto em segredo.
Agora não mais.
Todo retrato possivel
Cá estou eu invisivel
Nem me vejo mais
Madrugada companheira
Fiel escudeira do pensamento.
Alento.
Constrói em mim e derruba a força do vento
Faz de mim o que quiser.
Aposento o medo
Você tão garfo, eu tão colher
E que sobremesa seja nossa felicidade
Prato principal da criação
Que seja nós tão assim
Feito leite e café
Manteiga e pão.