E não somos namorados
De tanto que fomos, somos
Pomo-nos a caminhar tão sozinhos
Mas um do lado do outro ao mesmo passo!
Que se nosso sorriso é sincronizado
É por quê tiro a tristeza do teu peito
E tu com habilidade
Faz o mesmo do teu jeito.
Tão feito lindo teu corpo perfeito
Que tua alma o tempera gostosa
Que tão tua voz a flui pra mim
E a tua alma recebo, menção honrosa!
Então os livros que são se não figurantes?
Ao verem que o principal romance é o nosso
E que nós, só de vermo-nos, somos amantes
E teus olhos, que injustiça a assistir o sol
Vê o espetáculo se perde no pôr dele
Pois os teus reluzem melhor
E fazem de valioso o panorama,
E ainda diz que não, Anjo maior?
Tão belos são tuas mãos e teus dedinhos
A sujarem-se de açúcar...
E são bobas tuas manias?
De lavar as mãos todo o dia?
Tranca-se a porta: duas voltas
Abre-se o coração às coisas minhas
Do coração sem razão meu
Com razão seqüestro o coração teu
E nunca mais liberdade a ti se concedeu...
De mãos dadas: como muitos
Amando de verdade: como poucos
Somos como aqueles outros namorados
Que se colocam em paraísos, loucos
Criam mundos paralelos a um e outro
E quem sabe por onde andamos,
Em esta hora que já tarda?
Viram teus olhos encontrarem os meus
E nosso sorriso um ao outro
Nossas mãos enlaçarem-nos
Num abraço pleno e ardente;
Por quê o tempo não nos permite felicidade?
Como as pessoas se odeiam com facilidade...
E a nós, não é permitido namorarmos!...