EU TE AMO!

Pode ser um dia de chuva,
ou uma manhã quente
na beira do rio,
em todos os momentos e lugares,
eu te amo!

Em novembros chuvosos,
em dezembros hostis,
vestido de vento,
digo e repito:
eu te amo!

No escritório, na praça,
diante de um quadro de Dali,
ouvindo o som de um violão,
cercado de velhos inimigos,
eu te amo!

A memória falha,
os dias se tornam névoa,
as horas ferem,
a ausência dói, mas
ainda assim
eu te amo.

Tudo bem que esse amor
começou outro dia,
nem duzentos anos faz,
mas a percepção que tenho
é que, desde que existo,
estiveste sempre aí,
diante de mim,
em meus livros,
em meus velhos poemas de juventude.
Eu te amo
e não é de hoje.

A oposição grita
e esperneia
que o amor acaba
e desaba feito um prédio implodido.

Mas eu, esperançoso, grito:
só desaba o que foi mal construído.
E eu te amo
na alegria
e na hora do café,
na dor
e na hora de chegar,
sempre
em todo lugar.


(a imagem acima é de um quadro de Almada-Negreiros, escritor e pintor português de primeira grandeza)