Eu sigo então sem as palavras
Como um encantador de silêncios
Persigo o sopro de uma poesia
Que confundo com os ventos
Em mais uns versos sem alento
Recolho a fúria de ventanias
Marco o chão onde pisar
Os olhares na imensidão
E desejos em horizontes
Que nunca mais vou divisar
E sigo mesmo sem vontade
Minha metade já é caminho
Intento um querer eternidade
E nunca mais estar sozinho
Mas não sou mais a palavra
Nenhum verso, não sou poesia
Não sou vento nem ventania
Sigo apenas e sou tempestade
 
Eu sigo então e é a esmo
A poesia só é um lamento
Sigo sem arrependimento
Mesmo esquecido de mim mesmo
 
A poesia mais que fado é uma lida
Mais que vida é o último momento
Mais que útil é tão desvalida
Mais que fé é esquecimento
De todo amor que houver nesta vida
Que não há de haver neste momento
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 23/02/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2810637
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