Amor. Deixe-o entrar

Olhar sem brilho

Opaco e triste

Imagina coisa que não existe

Aos doze se achava feia, não era

E aos vinte se via velha

Hoje está só e desamparada

Olhar parado na estrada, despovoada

Espera quem sabe uma carruagem

Quiçá vinda de alguma estrela

Alguém que fale sua linguagem

De solidão

Ser pelo menos uma vez cinderela

Sentir amor, paixão

O tempo apressou, passou

Não perdoou, desaprovou

Da idade apossou

O máximo que fazia era ficar na janela

Quase fechada da casa amarela

Por onde o amor não tinha permissão de entrar

No jardim, a rosa murchada

Com pétala manchada

Pelo orvalho, do céu chorado

Carruagens passaram, o tempo cessou

A poeira a vista embaçou

O príncipe...

A vida...

Tudo se foi.

Antonio Fernando Ribeiro
Enviado por Antonio Fernando Ribeiro em 21/02/2011
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