Amor. Deixe-o entrar
Olhar sem brilho
Opaco e triste
Imagina coisa que não existe
Aos doze se achava feia, não era
E aos vinte se via velha
Hoje está só e desamparada
Olhar parado na estrada, despovoada
Espera quem sabe uma carruagem
Quiçá vinda de alguma estrela
Alguém que fale sua linguagem
De solidão
Ser pelo menos uma vez cinderela
Sentir amor, paixão
O tempo apressou, passou
Não perdoou, desaprovou
Da idade apossou
O máximo que fazia era ficar na janela
Quase fechada da casa amarela
Por onde o amor não tinha permissão de entrar
No jardim, a rosa murchada
Com pétala manchada
Pelo orvalho, do céu chorado
Carruagens passaram, o tempo cessou
A poeira a vista embaçou
O príncipe...
A vida...
Tudo se foi.