Arcano meu: revelação

Garanto que ainda respiro...

Juro que meu corpo ainda está benévolo.

Prometo que não irei maltratar-me...

Digo que não deixarei de ser fiel.

Leal.

Cordial.

Irei ainda duas ou quatro vezes no teu castelo.

Levar-te-ei ainda muitos ramalhetes...

De muitas flores campestres...

Ainda dançaremos aquele velho tango.

E comeremos nosso rango.

E gozaremos felizes de um bom vinho.

Veremos-nos muito ainda,

Nem que seja por segundos e no espelho mágico.

E nos tocaremos diversas vezes,

Mesmo que telepaticamente...

Anuncio...

Não possuo dotes, mas te adoto.

Te adoto.

E te crio.

Ainda estaremos prendidos,

E nada poderá nos deter:

Ninguém.

Nem o sol, nem a lua...

Nem minha mãe, nem a tua.

Nada.

Acredites:

Ainda estaremos madrugadas inteiras cantando a graça da escuridão...

E em meio ao frio sonolento...

Fazendo lareira de pernas e chá quente de saliva...

Ainda seremos um bom par de prosas...

E ainda vou dizer-te incontáveis vezes

Que tu secas minha solidão agonizante,

E que me faz tremer de anistia.

Seria suficiente para convencer-te

Da tua autoridade.

Da tua idoneidade passional.

Seria crível confiares que és apropriado para ser homem meu.

Duvidas que sejas tu

O ângulo certo

O laço perfeito

A dose embriagante da minha lucidez demente...

Sabes já do meu segredo...

Sabes já de tudo...

Sinto-me desnuda e trivial...

Parca e doente...

Agora podes agir sobre mim.

Podes pensar o que quiseres...

Mas,...

Depois de todo esse devaneio

Diante desse momento intrinsecamente esgotante

Espero que pelo menos

(com siso)

Tu não me queiras/entendas mal.

Junho de 2010

Lorena Gentileza
Enviado por Lorena Gentileza em 20/02/2011
Reeditado em 20/02/2011
Código do texto: T2803961
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