De manhã
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo (Vinicius de Moraes)
De manhã escureço teus olhos,
De dia tardo a tocar-lhe
A maciez do teu rosto,
De tarde anoiteço em devaneio.
E eu me tardo
Em triste escurecer,
Em teu rosto o brilho coroado
Que suspira em renascer.
Ah... Onde você suspirou o amor?
Foi aqui nesse peito meu?
Onde pincelou essa dor?
Na alma calada que doeu?
De dentro de mim escureço
Das alegrias que me tardo,
Da maciez do seu rosto anoiteço,
Na misera tristeza, me ardo.
(Rod.Arcadia)