INDIFERENÇA

Amor e ódio tantas vezes se confundem,
E os queremos fazer simplesmente opostos,
Como conchas da balança que marca os extremos.

Impensada bobagem de quem se esconde,
Na transparência da cortina dos sentimentos,
Querendo maquiar o amor vivo e renitente,
Insistindo em afogar os desejos e a saudade.

Amor não se transforma, nunca, jamais,
Não se fará nem mesmo cinzas no tempo,
Nem os ventos vindos dos sopros das mágoas,
Não o sujeitarão à metamorfose pretendida.

Esse sentimento latente, âmago do querer,
Não tem oposto que não seja a ausência,
Que só a lucidez vagarosa do tempo compõe,
De letras em letras no ardume da desistência.

Amor e ódio não se situam em opostos,
O sinônimo do desamor talvez seja a apatia,
A perseverança castrada com mordaças,
Transformada na inércia da indiferença.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 18/02/2011
Código do texto: T2800485
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