Chicoteando com Carinho
Nunca faça dos espinhos motivos para não doar os outros o seu carinho.
Quando eu era criança me lembro nitidamente das pessoas caçando e matando os ouriços e alegando que esse animal fazia mal ao ser humano. Cresci e hoje entendo que o que faz mal ao ser humano é ser desumano.
Olhando de longe parece fácil ser ouriço caixeiro
Coberto de espinhos tem-se a impressão que assim ele se protege do mundo inteiro
Mas quando ouve o som do latido do cachorro perdigueiro
Ele sente a fragilidade que é da solidão ser prisioneiro
Buscou entre os vãos da bananeira um abrigo
Me sentei no chão de frente à ele mais longe do perigo
Não sei qual de nós dois nessa hora se sente mais sozinho
Se sou eu quando me entrego a poesia
Ou ele que se abraça aos própios espinhos
Me agarro a natureza como alguém em desespero tentando voltar a viver
Enquanto o ouriço só solta seus espinhos na tentativa de não morrer
É o instinto diante da dor se sobrepondo para se auto proteger
Todavia os espinhos são dolorosos demais
Chegam a ultrapassar a epiderme da moça de Batatais
Mas o veneno se mistura a corrente sanguínea
Como se minha garra de fêmea se misturasse a minha inocência de menina
Vá! Suba para o galho mais alto que puder
Escamam-se as feridas e brota em mim a malícia de mulher
Arranco eu mesma os espinhos do meu coração
Destemida eu estalo sem medo o chicote no chão
Indomável dentro de mim somente a paixão
Nem morna nem quente apenas fervendo
O amor é o antídoto do veneno pelas minhas veias correndo
O ouriço é um animal que por ignorância pode ser extinto
Posso até sofrer mais sempre digo o que eu sinto
Espinhos espalhados pelo caminho é perfeitamente normal
Juntos eles e com isso faço um degrau
Não acredito que felicidade caia do céu
Qualquer infração e será preso para sempre nos braços de Raquel...