Chicoteando com Carinho

Nunca faça dos espinhos motivos para não doar os outros o seu carinho.

Quando eu era criança me lembro nitidamente das pessoas caçando e matando os ouriços e alegando que esse animal fazia mal ao ser humano. Cresci e hoje entendo que o que faz mal ao ser humano é ser desumano.

Olhando de longe parece fácil ser ouriço caixeiro

Coberto de espinhos tem-se a impressão que assim ele se protege do mundo inteiro

Mas quando ouve o som do latido do cachorro perdigueiro

Ele sente a fragilidade que é da solidão ser prisioneiro

Buscou entre os vãos da bananeira um abrigo

Me sentei no chão de frente à ele mais longe do perigo

Não sei qual de nós dois nessa hora se sente mais sozinho

Se sou eu quando me entrego a poesia

Ou ele que se abraça aos própios espinhos

Me agarro a natureza como alguém em desespero tentando voltar a viver

Enquanto o ouriço só solta seus espinhos na tentativa de não morrer

É o instinto diante da dor se sobrepondo para se auto proteger

Todavia os espinhos são dolorosos demais

Chegam a ultrapassar a epiderme da moça de Batatais

Mas o veneno se mistura a corrente sanguínea

Como se minha garra de fêmea se misturasse a minha inocência de menina

Vá! Suba para o galho mais alto que puder

Escamam-se as feridas e brota em mim a malícia de mulher

Arranco eu mesma os espinhos do meu coração

Destemida eu estalo sem medo o chicote no chão

Indomável dentro de mim somente a paixão

Nem morna nem quente apenas fervendo

O amor é o antídoto do veneno pelas minhas veias correndo

O ouriço é um animal que por ignorância pode ser extinto

Posso até sofrer mais sempre digo o que eu sinto

Espinhos espalhados pelo caminho é perfeitamente normal

Juntos eles e com isso faço um degrau

Não acredito que felicidade caia do céu

Qualquer infração e será preso para sempre nos braços de Raquel...

Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 18/02/2011
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