A lua e o menino

Por entre séculos de fidelidade,

A Lua em órbita com a Terra,

Sonhava que seria assim pela eternidade.

Serena, pequena, alva entre a serra...

A espera involuntária de seu amor...

Pelo instante mágico do entardecer,

Sentindo nas entranhas, desejo e calor

À espreita, um novo encontro ao amanhecer.

Eis que, percorrendo seu caminho

Melancólica, acolhida apenas pelas estrelas,

Percebe o olhar apaixonado de um menino,

Curiosa, lança-lhe seus raios e o delineia.

Nunca vira tanta ternura...

Nos gestos, doces movimentos

No olhar, amor verdadeiro e sem mesura,

Nos lábios, palavras com intenso sentimento.

Vacila mediante tal menino,

Receosa do que seria irrepreensível,

Continua sua órbita, o seu caminho,

E procura esquecer o inesquecível.

Tornara a vê-lo na noite a seguir

E sem perceber, já estava em seus braços,

Fitando-o nos olhos, sem vontade de fugir

Pondo-se a girar e dançar como pluma no espaço.

A Lua iluminou o menino com sua ternura,

Como se estivesse dedilhando sua face,

Amaram-se noite inteira com tanta doçura

Que não havia motivos para que se afastassem.

Permanecera noite por quatro dias,

A calma translúcida dos beijos,

Dando ao menino tudo o que pedia,

Recíprocos todos os sentimentos e desejos.

As estrelas foram o leito dos amantes

Os anjos tocaram suas harpas,

As fadas profetizaram um amor constante,

A noite, encobriu todas as marcas.

Foram quatro noites de muito amor

De entrega suprema, desejos infinitos...

Mas o mundo começou a ficar alvoroçador,

Com os fatos por eles esquecidos.

O mar invadiu continentes,

As plantas começaram a morrer

As pessoas ficaram doentes,

O Sol ameaçou a desaparecer.

Enfim... Ela precisou voltar para seu destino,

Voltou a girar pela Terra, como se fosse seu túmulo

Despediu-se de seu amado menino,

Ficou com o olhar distante e sem rumo.

Todas as vezes que a Lua está em cheia,

Vem se banhar na lagoa azul por entre as montanhas,

Permanece a espera de seu amado que não chega,

Soluça lágrimas que se convertem em orvalho pela manhã.

Essa... que envia beijos em forma de sereno,

Carinho em forma de breve vento,

Olhares ternos e soluços amenos,

Guardará por toda a eternidade, seu amor... em pensamento.

(minha visão poética de As Pontes de Madison)

Angie
Enviado por Angie em 18/02/2011
Código do texto: T2799674
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