Sou um poço.
Sou um poço.
Sou um poço de idéias.
È, claro, que nessas idéias o nosso amor não irá faltar.
Sonho com as nuvens, num monte eu a vejo.
Numa cachoeira com água cristalina eu olho, e lá vem seu reflexo;
E lá vem você novamente...
Tomo um vinho suave, numa taça, e lá você aparece como se fosse um retrato.
È claro que nas estrelas eu lembro dos nossos beijos.
Nossa que hipocrisia, beijo, a quem dera se ao menos existisse.
Seria mais feliz, não seria um ilusionista... Não seria um criador de crônicas não vivenciadas.
Não seria um criador de quimeras, um caçador de desejos abstratos.
Prosseguiria em seu retrato na cabeceira da minha cama
E dizê-la-ia que... que dizer não basta.
Sou um poço de atitudes tão profundo que me espalho entre seus ossos,
Que corrôo sua frieza e me encaixo em sua alma.
Eu juro que, por quimeras, largaria tudo que tenho, tudo que nunca tive.
Sou um santo adormecido que, voraz, designa, aos montes, caridades sem fim.
Caridosa seria se me deixasse prosseguir em seu retrato,
Se me deixasse caminhar pelo seu colo,
Se me deixasse florescer nesse seu céu.
É claro que, nessas idéias, o nosso amor não irá faltar...
Renato F.Marques.