Desejo de Uma Vida Inteira
Ah! Se a vida permitisse
Com que eu, ao acordar,
Envolvida em teus braços visse
Teus olhos postos a me olhar
E que num rastro de tempo
Mistérios brotassem
E teus olhos nos meus
E meus olhos nos teus
Enfim se embriagassem
Ah! Se em seguida teus lábios se abrissem
E no teu rosto ainda tomado pelo sono
O mais envolvente sorriso meus olhos vissem
Serias enfim dos meus versos o dono
E seu amor seria o bastante
Para que o meu amor não moresse
Seria a cura
O alimento
A fonte que sustentaria-me até às entranhas
E manteria-me sempre a florescer
E seu amor seria o bastante
Para que o meu amor não moresse
Seria a cura
O alimento
A fonte que irrigaria teus olhos
Quando para a tua memória eu me mudasse
E somente nela eu habitasse
E por fim chegaria o dia
Em que apenas silêncio existiria
Faces, palavras e invernos teriam passado
E apenas um olhar permanecido
Esse mesmo olhar que faria
Com que um para o outro enfim voltaria
Para sempre
Mas, ah! Se a vida permitisse...