Bom Dia, Amor...

Sem prévio aviso, sem hora marcada, surge uma nostalgia sem nome - uma tristeza estrangeira vem minha alma tomar...

Após o amor, (um noturno amor-chocolate) em êxtase profundo, meu corpo em teu corpo ancorado, por outras esferas meu ego trafega;

Tua cabeça, em meu peito apoiada, prospecta um sopro de vida – o teu medo, silente, não entende a vida fora do corpo; não traduz a entrega.

Este barco de Nêmesis, esta aura de luz a ferir de espanto os teus olhos, não é morte, meu amor: ainda é cedo – não é agora que irei te deixar.

Como te disse, a afagar tua fronte, a minorar teus anseios, a engendrar sortilégios para os braços de Morfeu conseguir te enviar:

Essa angústia que me espreita nos cantos, que aguilhoa, que insistente devora - não é minha: antes vem emprestada.

Teu amor-privilégio, tua fala diáfana, tua pele, (De gotas de amor aquecida) de tudo me supre; (Autóctone me torna) não me falta mais nada.

Esses vôos que ora empreendo, que deles, atarantada, testemunho mos dá, são portais do espírito, diálogos entre corpo e não-corpo (Um tênue fio de prata os dois a ligar).

Vês, meu amor, que tu, iluminada que és, essas ondas de luz em tuas retinas retém, malgrado este temor que carregas.

Em outros tempos, (Gloriosos tempos de outrora...) Trimegisto esta sentença firmou: “Assim como é em cima, é embaixo também.”

Após o amor, encantados, em Luz nos banhamos, a mesma Luz que nos juntou nessas ininterruptas núpcias: sagrada Luz que do Universo provém.

A esta noite, inundada de Luz, que juntos vivemos, uma chuvosa manhã se anuncia; de olhos ainda fechados teu rosto adivinho – Vai chover, é verdade...

...Mas, meu consolo é que teu sorriso de Sol, me dando Bom Dia, tu nunca mo negas.

Apesar de todas as evidências, nós ficamos como baratas tontas dando voltas em torno de quimeras sem querer enxergar uma verdade lapidar: Só vê beleza nas coisas quem a Beleza carrega dentro de si. E mais: não adianta ficarmos a procurar a Divindade fora de nós enquanto não fizermos do nosso corpo a morada perpétua Dela.

Cidade dos sonhos, manhã de Terça-Feira, meados de Fevereiro de 2011.

João Bosco

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 16/02/2011
Reeditado em 16/02/2011
Código do texto: T2795948
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