NÃO ESTOU PEDINDO UMA CHANCE
Amigos se tornam amantes
Na intensidade da convivência
Quando se perde a inocência
Oposto de como era antes
Não estou pedindo uma chance
Apenas alguns instantes.
A chuva chorando lá fora
Os sentimentos embriagados
Orgulhos num canto, jogados
Um par de olhos que chora
Não estou pedindo uma chance
Mas também não vá embora.
Não há retorno sem ida
Nem amor sem desejo
A lembrança de um beijo
Petrifica por toda vida
Não estou pedindo uma chance
Apenas uma rápida saída.
Pensamentos imperfeitos
Brincando com a imaginação
Sem ajudar ao coração
A corrigir seus defeitos
Não estou pedindo uma chance
Apenas momentos perfeitos.
Rebeldia quase controlada
Pingos da chuva no telhado
As lembranças do passado
Hoje não valem de nada
Não estou pedindo uma chance
Para esta paixão desvairada.
Um grito frágil. Quase mudo
Pedindo ajuda sem precisão
Pois a força da compreensão
Servem-nos às vezes de escudo
Não estou pedindo uma chance
O nada é o mesmo que o tudo.
Imagens retocadas na parede
Presas no calabouço da mente
A dor que deveras sente
No balanço de uma rede
Não estou pedindo uma chance
Para matar a minha sede.
Tapas leves como uma luva
Desperta o meu devaneio
Procuro aquilo que não veio
Visão dolorida e turva
Não estou pedindo uma chance
Se já tenho a mansa chuva.