LOUCA PETIÇÃO
Creia-me quando eu mentir e se permita aos meus furtos
Que te alcancem meus braços curtos, que teu mar me desertifique
Que tua indiferença te certifique de que habito na luz de teus surtos
Pois pulo teus muros, mesmo que tua cerca me eletrifique!
Olha-me agora, porque estou nadando nas retinas de tua cegueira
Banhando em tua fogueira, correndo e voando em teu marasmo
Surpreende meu ego pasmo, saltando irresoluta em minha lareira
Dá-me tua sábia asneira, pois tudo que te advém me é entusiasmo!
Bate com força em minha face, parte pra agressividade de teu beijo
Mostra-me de ti o que não vejo, faz alusão ao teu diálogo sem voz
Troca-te por nós, contraria de uma vez a lei que não almejo
Juro que nem me mexo, se teu corpo vier ao meu com ímpeto feroz!
Se for assim, faremos fato sem as tintas da história
Faremos vereda sem trajetória, seremos céu sem mensurar altura
E nos violentaremos de ternura na guerra pura dessa infinda glória
Sem futuro e sem memória, doentes de tanta cura!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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