MAIS UM POEMA INEVITÁVEL DE AMOR

Não sofro de amor,
sofro pela ausência do amor.
Os dias ficam cinzentos,
parece não ter fim o momento
em que te perco no olhar.
Saio pela cidade perguntando:
onde estás?
E a pergunta se perde
nas rachaduras da calçada.

Algum cientista escreveu
que essa sensação de prazer
que sinto ao te ver
é decorrente de coisas
que acontecem no cérebro:
dopaminas, adrenalinas, gasolinas,
sei lá!
Os cientistas tentam me convencer
que, ao te ver, é como se tivesse
tomado algum tipo de metanfetamina,
hayuasca, peyote, LSD, sei lá!
Pra mim tanto faz
se é um engodo da mente
ou mera ilusão:
ao te ver, o dia clareia!

Que sejam a alegria e a tristeza
conseqüências de choques químicos
no interior da cabeça!
Não estou nem aí!

Se é assim:
meu amor é um vício
e quero morrer de overdose!

(Poetas, seresteiros, namorados, correi!)