Tenho saudades tuas
Toca
toca que alcança
um cisne negro
um cisne branco
um amor
o impossível
o destino
perdeu
amou
morreu amando
amou
caiu
sentiu
sorriu
deixou
... fudeu amando
amando.
Em busca
em transe
uma piada
uma loucura
ecxtasy
ritalina
novocaina
uma puta dor de cabeça
uma transe
um traste
uma vaca...
Gasolina
gasolina
ovomaltine
álcool
álcooooooooooooooooool
e uma vasta e imensa ressaca
Cleveland
Deteroit
Chicago
brutos chamãnes
Índia
Amazónia
pretos rios do Xingú
salamaleques
danças com Lobos
fly, fly away
i wanna fly
fly away
dejectos
objectos
... voadores
gajas
moças, transas
malucas... Eu e tu
e uma cadela no cio
a loira
a morena
as duas por três
a luz da cidade
o semáforo vermelho
o olho do diabo
o tesão escondido
o apalpar sentido
dos sentidos todos
o atrevido
o insensato
as mãos nas tuas cuecas
as minhas out of there
as unhas na carne
as unhas na pele
a boca em sangue
as linhas tortas da escrita
um cheque careca
a foda da puta
num casebre muito reles
uma bomba
uma baita explosão
a puta que me pariu
fui...
Acordo do lado errado da vida
acordo do avesso
do branco imaculado
do azul estampado
das dores corporais
agulhas nas mãos de algum quiromano
ou uma mulher em privado
na boca uma Cola zero
ou o doce ou o amargo
na boca um Mars
ou o azedo ou o picante
a tua água malvada
uma bruxa
dois malucos
uma estrada
um beco
um de lá
outro de cá
um que vai
outro que vem
um assado
outro cozido
eu aqui e tu acolá
um que é
outro que imagina...
Cansinos...
Tarados...
Vazios...
Vagos...
Sós...
Alors...
Toujours...
Alors...
Campónio...
Bucólico...
Saturado...
Vazada...
Aliança...
Aliada...
...
Amor... Meu bandido amor!
Sexo... Meu maldito sexo!
Tesão... Meu louco tesão!
Vadia... Minha mulher vadia!
Palavras... Minhas soltas para ti!
Escuta cada uma
uma a uma
escreve na pele
cada uma
uma a uma
é a ti
de ti
que estival prostro poesia
na vazia do lombo que me sustenta
e vós ouvis
eu a quem vós degusta feito um animal
porque animal sempre sou
ou me comes as carnes
ou eu te como as peles
não quero nem saber
se ele está
ou não
da razão
não me convém o tostão
nem quero eu disso saber
chega-te então
à minha beira
chega-te mais e mais e mais
abre-me a goela
rouba-me a voz
e faz dela tua também
abre-me o peito
e rouba-me o coração
não tenhas medo dele
bate por ti
faz dele tua morada
faz dele tua casa
abre-me ao meio
corta-me em metades
mas não me mates de um todo
a minha alma não resistiria
devora-me
perjura-me na alma
e faz de ti eu
um no um
enquanto eu ejaculo
na minha vontade
de ter saudades tuas
tua, tuas, tuas...
Paulo Martins