derradeiro olhar

acinzentada mulher, tal como uma esfinge,

passou com os pés afastados do mar

largou o seu rastro o odor que me cinge

e deixa amarrado pr’eu não levitar

eu busco a imagem, encontro a penumbra

porém, me inunda a razão de viver

não sei a mulher de onde é oriunda

só sei que jamais dela vou me esquecer

se vou me aquecer lá na beira do cais

é só uma questão de mais um livre arbítrio

ou mais um delito pequeno-burguês

mas se ela disser que não volta jamais

pode esperar pelo olhar falso e vítreo

que exibirei pela última vez

Rio, 26/06/2006