No Penhasco, meu eu Encontrou o Teu

Meu eu sozinho no penhasco,
Uma vontade de me lançar...
Deixar a morte me envolver...
De uma vez por todas...

Nesta minha vida já morri várias vezes...
E renasci das cinzas...
Vivi de imitar a fênix,
Sem nenhuma criatividade.

Vesti a túnica de minha poesia,
Não olhei para trás...
Não havia nada que pudesse me fazer voltar.

Lá do topo de minha agonia,
Onde sozinha eu me imaginava,
Um par de olhos me espreitava...

Pássaro solitário...
Triste, enclausurado em teus dilemas...
Deitou por sobre esta mulher-problema...teus argutos olhos...

Eis que decido declamar meus versos rasgados e soltos,
A vida em breve deixaria este corpo infeliz,
O pássaro ouviu meus murmúrios,
E nas minhas rimas se aquietou...

Derramou por sobre meu eu tão cego a luz de sua alma,
Se deixou levar nas minhas estrofes,
E quando vimos era tarde e tivemos que dormir juntos, nas alturas.

Outros dias e noites vieram e tú se tornou dependente de meu eu lírico...
E eu cada vez mais ciente que o amor existe...
Não mais morri a minha morte, mas fiz tú viver a tua vida...

Sou eu tua companheira do penhasco,
A mulher que em seu exílio te arrancou do teu.
Somos a companhia alada um do outro...
A poesia me faz voar e você voa em asas metálicas...

És o pássaro que me vigias,
Que não me permites partir de teus domínios...
E eu sou a fácil presa, tua guria ...
Totalmente entregue ao meu amar por ti...


Estamos no alto...
Longe de tudo...
Longe de todos...
E perto do céu...












Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 13/02/2011
Reeditado em 13/02/2011
Código do texto: T2789944
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