APARÊNCIAS DO AMOR
Quem dera um dia vê-la
Suave com uma pluma
Tocar tua pela e aquecê-la
Deitar-te num berço de espuma.
O que é torto também se apruma
O que se esquece um dia é lembrado
O desmantelo também se arruma
E o presente será o passado.
O inocente poderá ser culpado
Por um crime que não cometeu
O distante pode estar ao lado
O crente talvez seja ateu.
O deserto que ninguém conheceu
Pode torna-se num lindo jardim
Na magia do dia que amanheceu
E decretou que o amor não terá fim.
O dia será branco como marfim
E a noite misteriosa e sempre escura
Sentir o teu cheiro, enfim
E provar finalmente da tua doçura.
Percorrer por tua formosura
Deitar no teu colo e dormir
Sentir da chuva a frescura
Abraçar o teu corpo e sorrir.
Sem ter lugar pra onde ir
Ficar eternamente contigo
Buscar o teu beijo e permitir
Que juntos enfrentemos o perigo.
Levarei este momento comigo
Para qualquer lugar que eu for
Mesmo vivendo sem abrigo
Saberei que provei do amor.
Pedirei demissão à dor
Mesmo sendo um solitário
A única ligação é o computador
Buscando o teu itinerário.
Sem marcar local e nem horário
Sobrevivendo de deduções
Jogado no mundo literário
Nos braços frágeis das ilusões.
Sorrindo com as decepções
Chorando com a conquista
Tentando encontrar as soluções
Das mísera e única pista.
Antes que meu coração desista
Apascente este cidadão pobre
Para que ele renasça, lute e persista
Em busca do teu sentimento nobre.
Mesmo que o tempo desdobre
E faça de mim um instrumento
Sem ouro, prata e sem cobre
Restando apenas o sentimento.
Solto nas águas e no vento
Livre para sempre voar
Superando qualquer elemento
Seja o fogo, a terra ou o ar.
Apenas desejo ganhar
Das tuas mãos uma passagem
Em teus cabelos me emaranhar
E seguir ao teu lado numa viagem.
Reconhecerei o real da miragem
E a verdade de toda a balela
Eu nos teus olhos vendo minha imagem
E tu nos meus olhos vendo como és bela.