TEU CORPO

Olho a anatomia do teu corpo

Como quem analisasse detalhadamente

O mapa de uma cidade maravilhosa.

(E mesmo que fosse a minha cidade!)

Sinto uma alegria infinitamente imensa

Olhando as curvas do teu corpo

Onde jamais minhas mãos irão tocar

Há tantas esquinas bonitas para se parar,

Há tanta matiz na muralha do teu coração,

Tanto amor e caricias imersas na solidão

Nas curvas do teu corpo nunca irei andar

(E há uma curva fechada que nunca irei dobrar)

Qualquer dia desses, quando eu for

Uma folha seca pelo vento levada

Na brisa do amanhecer, serei o nada

Dissimulado, invisível e deleitoso.

Que faz com que o teu olhar pareça

Mais um olhar de amor bondoso

Meigo, enigmático, gostoso e amoroso,

Corpo de anjo sobre o mais belo altar

(Desde já na multidão tão difícil de amar!)

E talvez, quem sabe, nele eu nunca repousarei.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 31/10/2006
Reeditado em 02/11/2006
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