CONFUSO AMOR
C O N F U S O A M O R
Mal começa o combate, na aurora do pensamento
Tudo muda; até o céu que passa a cor de chumbo.
Somos esfera no declive
Amamos como folhas ao vento
Num instante sim, noutro não...
Como mastro fincado na areia
Não saber dos sentimentos?
Bem me quer, não me querer
Pior! A recíproca acontece
Amar assim é besteira burocrática
Encantas no olhar e maltrata
Creio não ter dilemas
Refuto a descoberta tardia
Aceito o coração bater por bater
Mesmo em preconceito disfarçado
Sem retribuição repartimos confusão
Entre nós muralhas eternas
Chorar... lastimar... degradiar...
Oh! Nunca. Nuances de impossível
É minha a culpa, de ninguém mais.
A que faço confusão?
Confundir o amor.
Até sonhar com a imensidão
Sei lá! Talvez cantar... gargalhar...
Amor de barro em mãos calejadas
Amor rançoso, porém doce...
Coração vazio de presença humana, fantasioso... que reclama...
Não! Não acabou a comunicação!
Confundem-se as juras ditas
Trocamos as bolas
Trago carinho escondido no bolso
Não querer? Não ter? Não ser?
Sei lá! Só quero viver...
(agosto/1981)