Do teu amor, chama-lhe AMOR!

Que venham das profundezas monstros marinhos e baleias

Que sereias me cantem

Cantigas de embalar

Que a minha ausência se torne uma epifania

Que os gentios te anunciem

Na minha aparição

Que dolosas são minhas caminhadas

Meus hirtos e sangrentos pés

Minhas agruras

E desfelicidades

Minhas amarguras

E desfalecencias

Meus chorosos

Olhos torturados

Meus desamores

Desencontrados

Minha paralisia silenciosa

Que te procuro amiúde

Entre os taludes

Das serranias

Das alturas

Que se me avistam monstruosas

Na embalagem do mar

No pélago do ar

Entre o profundo e o insano

Entre o te possuir e o descrer

Entre o almejado

Entre o alcançado

Entre o tido

.... O abraçado...

Oh esqueci-me do pressuposto

Na espuma arenosa da Lua

Entre os rabiscos do te amar

Marejado

Que limpa na onda marinha

O meu amor...

Entre as conchas de som

Soadas canção

Para te ouvir nalguma distância

Bem longe ou perto

E só te tenho nas mãos

As palmas molhadas

Deste mar que me banha

E me salpica

E me rouba o teu odor...

É raro não acordar

Na madrugada

Entre os suores da alvorada

É tão raro não acordar

No refulgir brilhante

Atormentado

Pelos raios cadentes da noite

Copiados no e pelo luar

Onde se esbatem na minha alma

Como sombras

Para descobrir

Que:

te tenho perdido nos inventos

Onde lampejam mosquitos

Sedentos da minha saúde

Como quem bebe do meu sangue a vida

E te tenho presa nas vidas

Que te alcanço por entre os sonhos

Do teu silencio.....

Chama-lhe AMOR!

Paulo Martins

PauloMartins
Enviado por PauloMartins em 09/02/2011
Reeditado em 22/04/2011
Código do texto: T2780760
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