O ABRAÇO
Cai a tarde, devagarinho.
Silenciosamente e, de mansinho
Vem me trazendo um abraço.
O mesmo abraço misterioso
Que o destino furioso
Capturou em seu laço.
Não sei de onde esse carinho vem,
Porém, sei que pertence a quem
Ainda não pude encontrar.
Mas posso sentir a ternura
Abatendo a minha amargura,
A minha solidão, meu penar!
E envolve-me gentilmente,
Tão suave e carinhosamente,
Que sinto a emoção reinar.
Ah, se o tempo parasse agora...
No entanto, minh’alma inda implora,
À essa tarde, a lamentar:
_ Traga-me depressa, amiga tarde,
O dono desse abraço, para que eu me farte
Na alegria que o destino me roubou...
E todos dirão, ao ver-te, eternamente
Uns aos outros: _ vês aquela tarde?
Foi ela quem àquele amor abençoou!
04-09-2004