Maria Mulher
Maria, Maria nos olhos vivos que geram a vida,
semblante colorido das raças sem cores,
partos sem dores carregando o prazer de gerar,
no ventre, embala a paz que canta um mundo livre das dores
e carrega os sonhos que dão sentido ao que não deixa passar.
Maria, Maria no som que sai das bocas famintas,
mães ou filhas, mulheres que não fogem à lida,
na luta, a garra desperta como fera em defesa da cria,
enquanto seu canto encanta o mundo no aconchego único
do colo que acolhe aos filhos paridos dos sonhos em partilha.
Maria, Maria que pluraliza em si mesma o amor,
alimenta a fé nutrida no ato simples de ser o que é,
carrega em si o estigma de ser por si acentuando doação
lavrando a luta nas batalhas que nem sempre quer,
traz as próprias mãos como vitória de nunca render-se aos não(s).
Maria, Maria no sonho lúdico de recriar a criação,
terno aconchego, abraço perfeito, amor sem emendas,
faz de si a verdade das muitas mentiras que o mundo lhe dá,
recobra seus passos nos caminhos escondidos que quer encontrar
e conquista o nome revertido em amor que seu sexo passa a chamar.
Maria, Maria mulher, menina, guerreira, paz,
é Maria parindo a vida mesmo onde a morte quer caminhar,
germina doce mas sem deixar a luta passar
pois busca sempre a vitória e novos horizontes
no espírito mulher que toda Maria há de chamar.
15/09/2006