Meus versos tão meus
Canto meus versos amarrados entre dentes,
amargo sabor sobre a língua que beijou o amor,
foi de paz o sonho que sonhei no nu do que sou,
despindo fantasias entre uma madrugada e outra
até vestir-me do sol que o meu corpo tocou.
Estou entre o tudo e o nada,
o pouso da semente que pelos dedos do vento voou,
vejo as pedras repousando à margem do caminho,
inertes, guardam pra si os sonhos inacabados em pó,
pensam-se, não falam, apenas esperam a chegada do destino.
Meu corpo ainda sonha com o azul do amor
nas mãos que desenham o destino,
no desejo em versos vivos rimando como cordel,
as nuvens são de algodão que como as pedras
repousam coladas em simples folha de papel.
Canto meus versos que ecoam tristes na distância de mim,
nas horas de um tempo que meu corpo não apagou,
calo na noite que minha alma abraçou e assim como a pedra,
perco-me do que sou, no olhar que deixei partir,
repouso meu pranto às margens do mesmo caminho onde vi
o sonho feito pó na imagem do vento que meu corpo beijou.
27/09/2006