Bela...
Numa Noite
Enquanto não me deixava consumir por ela
Nem ela por mim
Dei comigo a olhar para o céu
E nesse meio caminho
Encontrei-te a ti
No espaço em que devia divagar
Ocupaste
Dessa espécie de vazio
O respectivo lugar…
Estavas absorta
Numa qualquer janela
Olhando
Simplesmente por olhar
Até o nosso olhar
Se cruzar…
Ambos anónimos
Ambos desconhecidos
Tu na tua casa
E eu na rua
Noutra espécie de vazio…
Tentámos ler os pensamentos
Um do outro
Sem nada dizer
Sem dizer uma palavra
Tendo em comum apenas
A procura de algo
Naquela madrugada…
Podíamos ter ido para além
Do simples sentido
Eu poderia estar
E tu estares comigo
Mas não
Não podia
Nem nunca poderia ser
Ocuparíamos
Para sempre
Um ideal
Ou pelo menos dele uma parcela
O ideal de dois corpos
De duas almas
Apenas numa só
Mas talvez porque nunca aconteceu
Nunca te cheguei a achar vulgar
Para sempre
Ficaram aqueles segundos
Em que te achei tudo o que procurava
E ao mesmo tempo evitava
Segundos que pareceram séculos
Para sempre
Te achei
Bela…