O JARDIM ONDE NASCEM OS TEUS SONHOS

Dissolve da razão o impossível codinome da flor...

Apenas sossega as ondas no carinho de teu dedo

E afaga o botão, em segredo, na comoção d'um gesto

Manifesto à lisa seda carmesim das delgadas pétalas...

Põe dependurada toda dor em tom cinabre...

Larga-as lá, suspendidas à ponta do espinho

A suspirarem a beleza de tua carne tenra e grave,

Ao ar, feito flechas à pele a te perfurarem...

A flor misteriosa soprará tua vida, infinda, tão tua...

Essa flor robusta, brotada em tua terna acolhida

Enfim se abrirá, magnífica, garrida, desimpedida

Pelos caminhos claros e evanescentes da lua...

E a canção multisuave dum amor, desta flor, saltará ao coração

Galopando à montaria d’um alazão de estrelas de prata...

Pousará manso, em sorrisos, ao prado da tua imaginação

Só para buscar-te, só para mostrar-te, num indelével improviso

Quão fantástico é o jardim onde nascem os teus sonhos