TRADUZ - ME

T R A D U Z – M E

Escrevo!

Serei também escrita?

Neste mesmo instante.

Não me entende por gosto

Ou desgostadamente errante.

É que nem sei como me interpreta

Quando muito me soletra

Traduz-me realmente?

De mim distante?

Ou como eu de mim ignorante?

Pertenço às cavernas rupestres

Estive gravado nas pedras da lei

Marquei presença nas folhas de papiro

Fiz parte das intrigas da torre de babel

Sou ou não sou grego?

O chinês articula meu som

Estou no alcorão

Fui da prole do braile

Usam-me no alfabeto de sinais

Interpretam-me como libra

Não sou a incógnita da equação

Nem o ponto de interrogação

Posso estar na abscissa

Ou num ponto indefinido na reta

Tenho em mim o incalculável pi

Nem adivinha a garatuja

Tão pouco sabe que língua

Não me vê e nem me lê

Traduz-me realmente?

Que sinal gráfico sou eu?

Sou o número codificado

Sou o símbolo sagrado

Sou a letra traduzida

Simplesmente sou: O AMOR!

(fevereiro/1981)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 04/02/2011
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