Flores murchas

FLORES MURCHAS

Guida Linhares

Pela primeira vez,

elas se conservaram por anos a fio,

belas, viçosas e perfumadas,

em um vaso de cristal.

Mas não sobreviveram,

ao enfrentarem um vendaval....

Quedaram-se silenciosas,

as pétalas espalhadas no chão,

retalhos de vidas em diapasão.

Mas houve uma segunda vez,

novas flores num vaso colocadas,

inspiraram venturas tamanhas,

anseios deslocados,

alegrias compartilhadas,

que foram sendo esmagadas

por um cotidiano rotineiro.

Veio o cansaço e o tédio,

podá-las foi o grande remédio.

Mas a terceira vez, ah...parecia

que as flores nunca mais iriam fenecer...

na adoração mútua de instantes de felicidade,

corações alegres e palpitantes,

sonhos desabrochados,

afetos permeados de beijos,

muita satisfação de desejos,

mas não sobreviveram as pétalas,

nem seu mais suave perfume,

ao primeiro afastar do lume.

Que as flores murchadas no tempo,

testemunhas de trajetórias amorosas,

voltem ao pó da terra,

para que renasçam novas sementes,

na vida que tudo transforma,

desde o mais simples ser vivente,

ao ser humano mais presente,

que ao futuro se lança,

apoiado em terna esperança.

Santos, SP

29/10/06

00:16 hs

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 29/10/2006
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