PELAS ESTRADAS DA VIDA

Deparei com um andante maltrapilho,

Pés descalços, peito arfante, cansado,

Figura de homem em decadência,

Pois seu perfil denotava derrotas.

Fitou-me como se quizesse dialogar,

E mesmo notando um corpo tão debilitado,

Não pedia alimentos nem um pedaço de pão,

E notei em seus olhos semblante tranquilo.

Meu coração parecendo entender as razões,

Disse-me estar ali um homem de bem,

Que foi outróra elegante e perfil cobiçado,

E teve um amor que parecia jamais acabar.

Algo me dizia para ouvir aquela Alma sofrida,

E num desabafo disse-me porque fracassou,

Pois viveu um amor que jamais sonhava acabar,

Só que num dia a tragédia dilacerou seu coração.

A jovem que parecia uma flor de irradiante beleza,

E seu perfume seduzia sua mente tão apaixonada,

Um dia sem razões aparentes o deixou na surdina,

Buscando um amor que lhe trazia falsas euforias.

Dilacerado na honra e com o coração em frangalhos,

Deixou para trás uma vida tão pródiga e feliz,

E sem rumo como um navio num mar turbulento,

Buscou outras paragens sem saber o que encontrar.

Sofreu as dores de uma solidão que lhe machucava.

Pois a Alma entristecida jamais se recompôs,

E mesmo passando fome, frio, descalço, sem teto,

Nada se comparava a tristeza do amor que perdeu.

Juntei minha solidariedade para aquela Alma sofrida,

E num aperto de mão tão convincente que até sorriu,

Notei que seus olhos azuis então se lacrimejaram,

Pois quem sabe ao ouví-lo novo caminho seguirá.

27-01-11