O fruto e a folha
Me encontro a par
De uma dúvida que me come a carne.
Destruindo meus frívolos tecidos
Deixando escapar
Minha anormal fome.
A fome de um verdadeiro amor
A dúvida que me atormenta
Não atinge somente a mim
Há muito tempo o homem sofre com a mesma.
Pois ela não tem uma resposta
Deixando-me assim....
À beira do fim
Imaginemos uma bela macieira
Com as mais belas maçãs da vila
Deixando todos,de certa maneira
Loucos por ela
Inclusive eu,que nunca provei de tal fruto,
Fui enrolado pelo doce aroma do teu perfume
De modo que traiçoeiramente furto....
Seus frutos para servir minha fome
Imaginemos também,que bem ao lado
Praticamente encostado à macieira
Se encontre uma mangueira
Com frutos brilhantemente avermelhados
Não sou aquele que está entre as duas
Mas aquele que vai de um ao encontro da outra
E vice versa
Sem,poder provar de seus....
De seu corpo.
Por isso faço este verso
Sou a folha,que com a mais leve brisa viajo
De uma arvore à outra
Deixando-me cada vez mais confuso
Como sentia nas árvores de outrora
Ai de mim.
Quando a brisa vier um pouco mais forte
Me atirando para o chão,no áspero capim
Sem poder nem ao menos de longe observar-te
De longe,para não causar maiores estragos
Pois ambas são muito para mim
Agora que estou no capim
Resta esperar pela chuva,para inundar
Minhas mágoas
Eu vejo,mas não posso provar
Eu provo mas não posso gostar
Se gosto,não posso desfrutar
Desfruto mais um pouco,e a fruta
Em pouco tempo se acaba
Agora que está explicada a situação
Irei contar minha cruel dúvida
Para que partilhem de minha dor
Sem a menor restrição
Sintam o fervor
Que sinto
Retomando a situação de antes
Sou a folha entre duas árvores
Cujos frutos me enlouquecem
De modo que amaldiçôo a brisa
Por ter me tirado de suas viagens
Já que caí no inferno
Voarei nas asas sonhadoras dos anjos
Para o Nirvana,sem tormentas
Se eu pudesse provar
(o que realmente não posso)
qual dos proibidos frutos escolheria?
A bela maçã,com seu odor hipnotizante
Ou a brilhante manga cuja doçura supera o mel
Que tanto almejo
E é aquele que me deliciarei
Como os Deuses aproveitam seu manjar
Aproveitarei até o caroço
Terminar com minha finita alegria
E com a semente no solo
Com água e luz do poderoso Apolo
Crescerás novamente,só mais bela
De modo que seus frutos
Serão almejados por todos
Que passarem
E virem na terra desgastada
A exuberante árvore
E a insignificante folha