SUSSURROS
S U S S U R R O S
Ah! Menina! Tu és quem me delicias!
Agora, bem nesta horinha.
Com sua arte não de amar,
mas de sussurrar!
Tanto que também estou a arreliar,
e querendo docemente te afagar,
assim como quem quer só brincar.
Bem sei que se a ti eu soprar,
nem precisarei gritar,
você vem me acalentar com muxoxos.
É claro, seus sussurros ouço-os no vento,
fico excitado, tanto que saltaria abismos.
É tocante o canto das folhas
O vento assobia vindo da serra
Vibra a paisagem viva
Cheira capim meloso
Às vezes aconchegado,
na cama, sozinho deitado,
imagino-te agoniada,
por palavras despojadas
Foi mansa na retórica
Aquietou em ternura
E sorriu com graça (sussurrando)
Faz greminar em mim uma sementinha
Despretenciosa e sem formalidades
No começo sem pressa e em segredo
Acende em mim um fogo que me alenta
Um mal que me consome e me sustenta
Um bem que me entretém e me dá cuidado
Um cuidado de quitude e paz
(maio/1976)