Poema devastador
 
               Edson Gonçalves Ferreira
             

 



I

Não sou Eva
E não preciso de uma maçã para tentar Adão
E, como não sou Adão, não preciso da serpente para tentar Eva
Deixaria os dois no Jardim do Éden
Sem contrariar a Deus
E, para meu deleite, conduziria a ti para  os jardins da minha sensualidade
Já que fui feito, como Adão e Eva, a imagem e semelhança Dele
E, assim, sei quão podem ser fantásticos
Sim, os mistérios gloriosos e gozosos...


 

 
II
Não, não sou David
Embora escreva poemas, não traio amigos
E  não mando meus servos para a guerra para roubar amores
Prefiro te conquistar com meus versos que são mais
Mais sublimes que os salmos dele
Já que saúdam o Senhor e toda a sua criação
E, ainda, celebram o nosso amor no cálice da minha alma
Minha alma repleta do meu sangue vermelho que esquenta por ti.

 

 
III
Não, não sou Cleópatra
E não preciso aparecer perante ti embrulhado num tapete
A minha poesia é mais que um reles tapete,
A minha poesia é um manto sagrado
Tão consagrado pela paixão que até nos orienta e nos desorienta
Porque a nossa alma nunca foi pequena...
Só por saber que, sem termos um a outro,
Sim, meu amor,  a vida  não vale a pena..
.


 
IV
Não, não sou Calígula, nem Nero
Embora tenha a loucura dos dois quando te vejo no esplendor
Sim, no esplendor da nossa ventura
Que arde mais que Roma incendiada
Violentando nosso ser mais
Muito mais que os atos atrozes dos Césares
Mas que não fere quem ao nosso lado passa
Esses só se deslumbram com a nossa ventura....


 
V
Não, não sou Alexandre, o Grande
Mas a minha majestade é tamanha, tão tamanha quanto a dele
Não preciso conquistar o mundo, porque tu és o mundo para mim
E, assim, tu me fazes majestoso e divino
Tão divino que a humanidade se curva diante de nosso amor
Um amor que causaria inveja até a Shakespeare
Embora nem eu nem tu sejamos Romeu e Julieta
Somos dois mortais amantes com sonhos de imortalidade...


 

VI

Não, não tenho vocação para ser mártir
Mas quero que nos sacrifiquemos
Sim, que nos sacrifiquemos no altar da nossa paixão
Não vejo por que não podemos gritar para o mundo o nosso amor
Amor puro vence qualquer barreira
A humanidade, meu amor, precisa de sacrifícios assim
Como o nosso,
Vamos nos imolar nesta paixão que nos consome
Todo o amor é pouco para o grande ser que se é
E a vida, amor,”dói quanto mais se goza, quanto mais se inventa”
.
 
 
  Caricatura do poeta Edson Gonçalves Ferreira feita por Ziraldo



Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 26.01.2011

 
 

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 26/01/2011
Reeditado em 26/01/2011
Código do texto: T2753242
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