O amor
Dantes de termo-nos
concentrados um no outro,
já sabíamos, amiúde,
que nos tínhamos um ao outro;
mas divagamos.
E nesse estreito eixo da existência,
colorado na frequente sincronicidade de olhares,
desviávamos o sentir a lá do peito resguardado:
pagamos a fiança constante
de nosso crime renitente e pueril,
suave e dissidente.
E aqui cabia o desatino de solidão,
hercúleo, fugaz, insistente.
Ao travar ambos, dileta -
onde a vida por só se converteu -
entre nós o sigilo da verdade se rompeu;
E a fragrância do Destino fez-se hialina e viril;
E nós, como nós somos,
existimos, persistimos e insistimos,
em ser o que ainda somos:
O amor.