Poema 0863 - Prazer, corpo e alma...
Posso não falar de amor,
até dizer algum não, aqui e ali,
para teu corpo, é sempre sim,
quando a roupa cai, a porta fecha,
abrem-se os sentimentos,
conto cada minuto, como se fosse um terço.
Deixo a cruz atrás da porta,
a fechadura virado a chave, muitas vezes,
o lençol esticado sem um amarrotado,
para teu corpo,
o nu que me ensandece,
provoca e me come a carne.
Deixa soltos teus quadris,
como me lembro d'outras noites,
recorda como faz, dá-me prazer,
cavalga sela solta,
grite aos ventos, aos assombros,
suporta o gozo que me faz gozar.
Volto os olhos na direção da saudade,
ainda tem na janela outras noites esperando.
No amanhecer o reflexo do teu corpo,
caminhando lento, vestida apenas de líquido,
do meu, escorrendo entre pernas,
frágeis, de um prazer pleno.
Na meia-luz caminho pensamentos tresloucados,
abano o calor que vêm dos olhos aos pés,
volto meu corpo até teu lado da cama,
na tua ausência encontro um vazio calor úmido,
tua ânsia é de voltar,
e eu, o prazer de ficar para sempre sem esperar.
Não respondas aos pedidos da calma,
toma minha carne, um pedaço ao menos,
deixa os sinos, os badalos revirarem n’alma,
voe por parte, por toda parte,
lambuza do que ejacula, toma, inebria e some,
enquanto desapareço amor dentro do teu corpo.
27/10/2006