CORAÇÃO EM LUTO

Feito vento, ela foi soprada ao além.

O frenético amor, de mim foi arrancado.

Minha oratória feneceu asfixiada

Pela impronunciabilidade das palavras.

Da eloqüência fez-se um ato silencioso.

Em razão de freqüentes desamores,

O hermético coração enlutou.

O desmantelo foi instituído

Preenchendo minhas lacunas

De um esmorecimento letal.

O poder de observação estagnou

E assassinou a imaginação.

Também os sonhos cessaram,

Cedendo lugar aos pesadelos.

Restou em mim uma vazia mortalha.

Abracei o invólucro da penumbra.

Fui Acolhido por um paletó de madeira,

Minha indumentária fúnebre.

O destino não poderia ser repaginado.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 24/06/2005
Código do texto: T27517