AMORES...
“Ninguém ignora que a poesia é uma solidão espantosa, uma maldição de nascença, uma doença da alma.”
Cocteau, Jean
Aqui neste peito desfilaram amores.
Ilimitados enquanto duraram e renderam
poesias, suspiros, vigílias, sonhos e agonia...
Tudo rodopiou a passos largos por este peito.
Chegaram bem vestidos, lindos e faceiros,
vieram preparados para uma temporada:
trouxeram provimentos em forma de beijos,
saciou-me a fome, bateram sinos, festejaram!
Tudo acabou! E neste meu peito, agora,
há uma fome negra e uma saudade enorme.
E eu me deito vazio nesta cama fria e sem vida.
Meus suspiros doridos não matam a fome de amor
e as lágrimas descem úmidas, quentes e em cascatas,
sobre a face de tantos amores passados e definhados.