Dellírios Sertanejos -- (à uma bela cearense)

Vem comigo com teu sorriso

E estender-te-ei aos pés

A lisura de minhas mãos suaves;

E te mostrarei com o espírito em chamas

Os afagos do cancioneiro que nelas vive.

Vem comigo com teu sorriso

E juntos dançaremos a valsa viva do sertão;

O frevo ardente dos dias festivos dos santos leais.

Vem comigo, inteira, com teu sorriso

E te conduzirei pelos céus da terra;

E flutuaremos pelas serras de Ipueiras...

S. Benedito...Ubajara... e colheremos mel,

E com ele seremos doces eternamente.

Vem, vem sem receios de tropeços com teu sorriso,

E viveremos a canção perfeita do trovador

Diante do trepicar das fogueiras de João;

Do fundo negro das brilhantes estrelas sertanejas.

Vem, vem amor da terra do sol que não se cansa!

Vem que a noite é longa

E seu silêncio é a tortura dessa alma insana

Que invadida está pelas algruras da incerteza

E clama por momentos de compaixão.

Vem!..Não!..Sim!.. Vem com teu sorriso e teu rosto molhado

Com o suor dos canteiros de Nova Russas,

Sedentos da clemência de um céu

Que há tempos não deságua no lugar...

Alvoroço de pássaros... sanhaços na ata...

Já é manhã e tu não vens...

Não me cabe mais aqui...

Devo partir... Crateús... Catunda... Canindé...Fortaleza!

E lá... quem sabe tu não existirás?..

Geraldo Magella Martins
Enviado por Geraldo Magella Martins em 24/01/2011
Código do texto: T2748565
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