AMOR-- surreal

De canção e oração! Assim é feito o meu amor.

De pensamento, tormento, lamento.

Lástima de lágrimas.

Sonhos vãos que se vão, como bolhas

de sabão!

Firme como rocha, quente como tocha.

Adormecido, límpido e sereno.

O meu amor é intacto, desvairado,

levado de mão em mão!

vil, num covil de mágoa.

Queria ser a sombra, que vive

que não sabe que vive.

Que é guiada por uma vida qualquer,

de gente ou de bicho.

De objeto humano ou inanimado

Mas sendo eu sombra, não teria

um amor assim: de canção que não vale a

pena ser cantada, de oração

elevada ao Altíssimo que tudo ouve e

tudo ver.

Mas que me deixa continuar a sonhar.

Amor meu, de lamento e amargura

sem a finura da correspondência.

De um ser que invento, estou sempre inventando.

Criando alguém que não existe,

que apenas estático num canto da casa

do meu coração me assiste atlante,

e eu anacoreta, esconso na janela de

minha vida.

Não! a sombra não quero ser,

e sim o ser que a comanda

talvez assim, o amor por mim

viesse em demanda.

greice
Enviado por greice em 22/01/2011
Código do texto: T2746025