V O C Ê
Você não é, para mim, um mero acidente
Nos muitos caminhos da vida
Porque você me infunde um amor místico
Uma amizade passional, uma sensualidade pueril
Você que me dirige um olhar indeciso
Você que me pede conselhos
Você que me dá conselhos
Você que diz que preciso me cuidar
Você que se recorre a mim nas horas de tédio
Como uma rosa murcha
Você que com meias palavras
Conta-me uma longa história
Você que se apresenta, olhos vívidos
Com uma grande idéia!
Você que comigo mergulha
Na mesma fonte de ideais e sonhos
Você que me advinha uma resposta
Mesmo que me faça mudo
Você que, pela manhã, parece não ter acordado
Porque está sempre repleta de sonhos
Você que compartilha comigo
A hora inútil do meio-dia
Você que, pela tarde, contempla comigo
O ocaso tingido de ouro e fogo
Afogando-nos num mesmo mar de emoções e devaneios
Você que sabe ser incoerente, sem desagradar
Você que me diz palavrões
Na verdade, desprendimentos de afeto
Você com sua voz soando aos meus ouvidos
Mesmo que você esteja distante
Você povoando minha mente, sempre
Sempre você... você... você...!