Perdão
Pare! Eu não quero brigar.
Hoje não.
Você já disse o que queria e eu fui obrigada a escutar e me calar.
Agora chega.
Mas o que é isso? São lágrimas?
Não pode ser. Você é arrogante demais pra isso.
Não se aproxime.
Eu disse, mas você pareceu não escutar. Típico.
Então você sorveu todo o seu orgulho, toda a sua altivez e se ajoelhou perante mim.
Envolveu seus braços em minha cintura e apertou forte como se sua vida dependesse disso.
E naquele momento dependia.
Então me pediu perdão.
Eu tentei me manter de pé, com todas as forças sustentar também o meu orgulho, pois eu estava certa. Sempre estive.
Eu sabia, você sabia.
Mas quando você ergueu a cabeça e eu finalmente consegui avistar seus olhos eu não resisti. Caí.
Vi neles toda a sua raiva, o seu rancor, a sua angustia, a sua dor, o seu amor envolvidos em lágrimas que teimavam em fluir.
Cedi e também lhe pedi perdão.
Disse que quem sabe existisse outra opção, outro jeito, que talvez eu tivesse errado na escola que fiz, mas você pousou seus dedos em meus lábios impedindo que eu continuasse.
Você sabia que não havia outra escolha a ser feita. Naquele dia você não sabia, mas hoje sim. Agora entendia porque tive que ir.
E por isso estava ali, suplicando o meu perdão.
Não havia mais nada que eu pudesse dizer naquele momento.
Apenas o segurei firme, o levantei, fitei por alguns segundos seus olhos e lhe disse com todo sentimento e emoção que emanou de dentro do meu ser e que estava guardado a tanto tempo.
Te Amo! Sempre te amei.
Nunca deixei de pensar em você nem por um segundo.
Então você me abraçou. Senti seu coração pulsar incontrolavelmente e com a urgência que o momento exigia você me beijou com todo turbilhão de sentimentos que estavam trancados em seu peito e explodiram naquele momento.
Só paramos quando o ar começou a nos faltar.
E então você pediu pra ficar e eu sem relutar deixei.
E ali permanecemos. Abraçados durante toda a noite. Sentindo as horas passarem, sem dizer uma palavra, até que pegamos no sono.
Amanheceu.
Surge um novo dia, uma nova vida.