Ergue-se aos céus
Ergue-se uma voz em meio à surda multidão,
esvai-se como a fumaça do incenso de altares de pó,
desenha a alma em brasas na chama que acende a noite,
buscando no mundo o sentido que não lhe deixe tão só.
Grita nas preces entoando o canto que retrate o que é,
larga-se em gemidos nas dores que dissipam os hoje(s) sem paz,
busca por deus, não um qualquer, mas o que lhe dê a razão do que quer,
e sonda o insondável nas angústias tão suas que o silêncio lhe traz.
Alfa e Omega, princípio e fim de tudo que um dia acreditou,
prostrado na mesma terra em que sem luz se deitou,
joga-se em pleno abismo calando o grito que a vida lhe tomou,
ao ferir-lhe de espinhos na rosa que por suas mãos germinou.
“Onde está Deus?!” Onde estará o Olímpo de suas manhãs?...
Aquece-se à sombra do sol que queima orvalhos nas faces da manhã que despertou,
olha mas não vê, busca sem nunca achar, canta a dor que na alma calou
e brota em ervas que como incenso queimará nos altares vivos espalhando
a essência de toda a humanidade que pelo mundo um dia sonhou.
27/09/2006